sexta-feira, 11 de junho de 2010

O perfil empreendedor é um perfil diferenciado chegando a ser, em alguns aspectos, privilegiado. Porém, como ressalto nas minhas palestras sobre o tema: "Deus, em sua infinita sabedoria é, antes de tudo, justo". Isso quer dizer que: quando recebemos muitas qualidades sempre virá junto outro tanto de defeitos e limitações.
Em suma, não há um perfil completo! Sempre há uma intrínseca necessidade de complementaridade.
Mas não vou comentar as limitações individuais, vou tratá-las de forma mais global.
Por exemplo: quantas empresas conhecemos que são dirigidas pelo inventor da idéia que mantém o negócio. Pouquíssimas, posso afirmar.
O que quero demonstrar, de forma ampla, são os seguintes perfis:
O inventor. Em um empreendimento temos, com freqüência, o inventor da idéia. Seu perfil é, frequentemente técnico, sua atenção é focada e sua satisfação maior é o de desenvolver o projeto. Não há uma preocupação maior com o negócio e com a transformação da idéia em um empreendimento. É o perfil do pesquisador, normalmente muito focado, especialista, relacionamento restrito e seu trabalho com equipes nem sempre é muito fácil. Não é um perfil de gestão, não privilegia o ouvir nem o desenvolvimento de sua equipe. É auto suficiente.
O empreendedor é o que identifica, nessa idéia, uma grande oportunidade de negócio. Sua atenção é ampla, procura identificar mercado, parceiros e oportunidades múltiplas para dar alternativas ao negócio.
Costumo dizer que é o perfil de quem faz! Persegue tenazmente seus objetivos, é sistemático e controlador. Centraliza as informações para poder aproveitar as oportunidades e, frequentemente, gosta de estar perto da operação, ás vezes operacionalizando junto. Tem verdadeira obsessão por informações porque sabe que o negócio e as oportunidades de desenvolvimento dependem disso. Por esse motivo gosta de ouvir, está sempre pronto para entender o ponto de vista do outro. Tem plena consciência de que saber mais, sempre, é determinante. Auto exigente normalmente tem um perfil de difícil convivência. É disciplinador e sabe que no seu negócio os valores são fatores de sobrevivência. Está mais voltado para fora, para o mercado e para novas oportunidades. É visionário e não se satisfaz com o que conseguiu. Precisa de novos desafios. O sucesso de seu empreendimento e o desenvolvimento dos diferenciais do negócio é fundamental, mas o desafio, frequentemente, é sua maior motivação.
Por esses motivos também não é um perfil de gestão. Evidentemente os empreendedores procuram desenvolver seu perfil de gestão para acompanhar o desenvolvimento do empreendimento. Mas a rotina, a estabilização dos procedimentos, em suma, a gestão do cotidiano não o seduz nem um pouco. Fogem disso e, por vezes, encontram dificuldades no desenvolvimento do negócio. Há processos indispensáveis ao empreendimento que cumprem com muita dificuldade.
No entanto, quase sempre, desenvolvem uma postura carismática, principalmente pela sua habilidade nos negócios (toque de Midas). Com isso tornam-se, algumas vezes verdadeiros mitos nos seus empreendimentos. Mas não são naturalmente bons líderes para o desenvolvimento das pessoas. Desenvolvem bem o negócio, mas a estrutura funcional fica um pouco desatendida. Um exemplo dessa dificuldade pode ser vista na questão dos processos de sucessão.
Lembrem-se, neste perfil, do empreendedor corporativo e da sua importância e necessidade dentro das empresas. É fator de resultados que precisa ser bem equacionado para que se possa obter o sucesso esperado. É fator de inovação e competitividade!.
O gestor é o outro perfil interessante para se analisar.
Ele dá continuidade ao empreendimento e cumpre seu papel de "tocar" o negócio. Suas motivações são de outra ordem dos dois perfis descritos e sua carreira é fator de sobrevivência. Inevitavelmente o sucesso do empreendimento alavanca seu posicionamento e o sensibiliza sobremaneira, mas atua mais fortemente voltado para dentro do que para fora. Precisará ser suportado por visões externas e por forte condução das visões de marketing e da estratégia. É mais um perfil incompleto, como todos, mas é fundamental para a eficiência e eficácia da estrutura. Normalmente tem preocupação vertical e especialista. Portanto será necessário entender-se a forte necessidade de complementaridade. Mas tem foco no desenvolvimento das pessoas e na continuidade do negócio. Pode e deve tornar o empreendimento autônomo,isto é, menos dependente de pessoas. O processo, a tecnologia e a estrutura funcional deverão tornar-se o motor do desenvolvimento. Não é, prioritariamente, inovador, mas poderá conseguir com que a estrutura funcional exerça esse papel. Aliás, dos três perfis é o único que poderá conseguir isso. É o perfil menos personalista e, portanto, mais profissional, no que se refere ao aspecto organizacional.
Em suma, três perfis distintos, absolutamente complementares e necessários ao sucesso de qualquer empreendimento. Poderemos viver sem os três conjuntamente, mas em determinados estágios da organização terão, de forma mais marcante, sua importância estratégica para o sucesso.
Bernardo Leite Moreira
Consultor, palestrante Autor dos livros: Ciclo de Vida das Empresas (99) e Dicas de Feedback (09). Participou, também, do livro Manual de Treinamento & Desenvolvimento (versão 08) e do livro Os melhores da Liderança (edição
Desenvolvimento de empreendedores (externos e internos)

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